13 de maio de 2011

O preconceito alheio de cada dia (Decepções + Direito Part. 2)

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Olá pessoas, tudo bem? Como mencionei na postagem anterior, eis-me aqui para relatar a minha pequeno descrição sobre meu atrito com um colega de faculdade no dia posterior a decisão do STF, vamos ao relato:

Estava eu muito alegre chegando na faculdade, pois sentia que agora podia encarar o curso que escolhi com outros olhos (o famoso ditado de enxergar uma luz no final do túnel), enfim estava sorridente sem motivos.

Eis que esse colega estava na sala (só tinha ele na sala, eu chego muito cedo na facul), estava lendo o jornal ( o destaque era a decisão do STF). Como ele tinha companhia para o debate (eu), então ele decidiu externar suas opiniões. Transcrição da discussão abaixo:

Ele: Eu sou contra a isso, não tinha nada que aprovar.
Eu: Por que você é contra?
Ele: Por que isso não é certo, casal é só homem e mulher.
Eu: Quem foi que disse isso? Casal é qualquer pessoa que ame outra e queira construir algo com ela.
Ele: Ah não! Eu sou contra, isso não é certo.
Eu: Certou ou errado não cabe a você decidir. O grande problema de vocês heteros é vocês quererem monopolizar tudo. Dar direitos aos homossexuais não vai tirar e nem influenciar os direitos de vocês. Então por que negá-los isso?
Ele: Por que isso vai se tornar um bacanal. Me diga você, imagine se estou com minha familia e minha mulher é cantada? Minha filha vai achar que isso é normal e vai querer ser também.
Eu: não, não é assim. Ser lésbica ou gay não se trata de achar bonito ou não. A pessoa sabe que é, indepentende da idade que descubra isso ou se aceite. E sua filha tem que entender que é normal sim ou você vai criá-la com preconceitos?
Ele: Não é assim. Só não quero que minha filha veja duas mulheres se beijando e pense que é normal.
Eu: Me diga se fosse um casal hetero você estaria fazendo todo esse alarme? Não, pq pra vc é normal e em seu falso moralismo hetero pode se pegar e até transar na rua. Você é muito preconceituoso.
Ele: Marina (Carolynna), você é assim por que é simpatizante ( não sou assumida na sala O.o)
Eu: Nem é por isso. Para mim você precisa deixar de pensar em seu próprio interesse e sim no coletivo. Os homossexuais tem os mesmos direitos que você e perante a justiça legal tem que ser assim, tem que haver um suporte juridico para eles, tratá-los com igualdade – que é o que afirma a constituição.
Ele: Imagine um casal desses com filhos?
Eu: e o que tem haver?
Ele: Você também defende a adoção?
Eu: Sim, por que eu vejo muitos casais homossexuais cheios de amor para dar, em contrapartida, também, vejo muitos casais heteros maltratando seus filhos. Então não vejo qual o problema nessa questão.
Ele: Essas crianças serão tudo promiscuas como os pais.
Eu: Ah meu deus, vc é realmente preconceituoso. A criança ter tendências sexuais diferentes não é devido aos pais que tem. Se fosse assim só existiria heteros no mundo.
Ele: Mas não é normal uma criança ter duas mães e nenhum pai.
Eu: Isso é uma visão puramente preconceituosa. Há tantas crianças sofrendo violência com seus pais heteros, enquanto os homossexuais estão cheios de amor pra dar e possibilitariam uma educação boa para essas crianças. Porque entenda, até certa idade a criança não tem noção da sexualidade dos pais, mas ao crescer ela vai ter e se ela não for criada em um ambiente preconceituoso, não terá problema a sexualidade dos pais. Seu problema é ser muito preconceituoso.
Ele: Eu não sou preconceituoso.
Eu: Wow, claro!! Você é totalmente a favor dos homossexuais. O.o

Depois disso ele me deu um abraço e diz que sou muito estressada, sorri e diz que vai lá em baixo (nossa sala é no 2º andar)

Eu realmente sou estressada sobre isso. Não entendo esse medo/receio (ou o que quiser chamar) dos heterossexuais, já que ceder direito aos homos não vai diminuir e nem retirar os deles. Querer igualdade não é eliminar direito de ninguém e isso está previsto para todos nós na Constituição Federal, o problema de não ser totalmente validado é as mentes iguais a essa que ainda existem no legislativo.

E como disse, eu não sou assumida, não por recear sanção alheia ( ou pode ser[?]) mas é mais devido a ser totalmente na minha, não querer chamar atenção pra mim. Até pouco tempo eu não falava muito na sala e só com as pessoas que conhecia (resumindo umas 4 pessoas). Mas escutar esses comentários sempre estava me deixando estressada e deprimida demais. Por isso, fiz uma analise e me perguntei: “É melhor permanecer no meu cantinho confortável e calar ou falar e mandarem se explodir”. Optei pela segunda, por que mesmo para calar, eu não estava suportando mais. É tanta coisa estranha que ouço e vejo, se eles podem cometer essas loucuras, por que não posso defender o que penso ser certo e o que está certo de fato?

Bem foi isso, ando muito estressada e sensível com esses assuntos. Então acabo explodindo.
Não fiquei com raiva dele e sim com sua atitude, mantenho contato com ele e nos falamos normalmente.

Beijinhos
Cáh

10 de maio de 2011

Amor é Amor!

Olá pessoas. Bem, desde ultima postagem, muitas coisas aconteceram. Vou falar aos poucos, mas gostaria de agradecer o apoio das pessoas que comentaram e me incentivaram. – Thank you.

Bem vamos à novidade:

Equiparação da relação estável homoafetiva a heterossexual:
Pode ser antiguinho já hahah, mas eu fiquei muito feliz com a decisão do STF. Eu assisti a votação e fiquei pulando a cada voto “Sim” que deram. Durante e no final da votação, eu estava com uma sensação tão boa. Senti tanto orgulho pelo curso que estou fazendo e pelas pessoas que estavam lá, cada comentário lindo. Enfim, a alegria foi demais por perceber que o entendimento da situação dos homossexuais vai chegar no legislativo e com isso vai se promover mudanças.


Adorei a afirmação do Ministro Faux: "Assim, a Suprema Corte concederá aos homossexuais mais que um projeto de vida: daremos um projeto de vida e felicidade"



Parece que essa decisão foi o estímulo que precisava para encarar algumas coisas em minha vida. Adorei essa decisão e sei que ela vai contribuir e muito para as mudanças que nós precisamos. Ela não vai acabar com o preconceito - isso eu ainda não prevejo que ocorra - mas teremos respaldo legal para praticarmos nossas ações.

OBS: no dia seguinte tive maior discussão com um colega de classe sobre essa decisão, depois eu comento detalhadamente aqui.